quarta-feira, 16 de outubro de 2013

‘Fúria’ de médicos periga fazer oposição submergir de vez em 2014

Análise de Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania

médicos furiosos_Ivan Cabral_up
Médicos furiosos com Dilma podem afundar o PSDB e o DEM


Em maio deste ano, o Brasil recebeu um alerta da Organização Mundial de Saúde (OMS): o país tem apenas 17,6 médicos para cada 10 mil pessoas – ou 1,76 médico para cada mil habitantes – e esse número, segundo a organização, é metade do encontrado em países europeus. No Maranhão, por exemplo, teríamos índice comparável aos de Iraque ou Índia.

O número da OMS parece superestimado quando se sabe que o número de médicos em atividade no Brasil chegou a 388.015 em outubro de 2012, segundo registros do Conselho Federal de Medicina (CFM). Contudo, grande parte dos médicos com registro que permite atuarem na profissão, não a exercem.

As médico brasileiro ou cubano_Césarestimativas não-oficiais do número de médicos no país giram em torno de 300 mil profissionais atuando regularmente. Pelo critério da OMS, pois, teríamos um número ainda pior: 14,9 médicos por cada 10 mil brasileiros, ou 1,49 por grupos de mil.

Nos países europeus, por exemplo, o número de médicos beira a três por grupos de mil habitantes.

Em julho último, matéria da revista IstoÉ antecipou a chegada de programa governamental que já vinha em gestação quando a OMS alertou para a situação de extrema carência de médicos no país, sobretudo nas regiões ermas ou nas periferias dos grandes centros urbanos, problema que ameaçava deprimir ainda mais a situação do Desenvolvimento Humano no país.

O programa Mais Médicos traria milhares de profissionais de saúde para cá de forma a mitigar efetivamente um dos maiores problemas que o Brasil tem na área de saúde: o estudo de medicina é caro, acessível somente para pessoas das classes sociais mais altas, que chegam a ter que se dedicar somente ao estudo durante ao menos 8 anos, sem poder trabalhar.

Programas governamentais como o de cotas nas universidades deverá aumentar, nos próximos anos, a diversificação de classe social e até de etnia entre a classe médica, além de aumentar o número de médicos formados. Contudo, a ampla resistência a uma política que visa popularizar mais uma profissão que se faz imprescindível em qualquer grotão do país vem atrasando a formação de um perfil de médicos que se disponham a ir trabalhar onde os de classe social mais alta não querem.

Surpreendentemente, médicos cubanos veja_Latuffos médicos que não se dispõem a ir trabalhar nas regiões desassistidas por esse tipo de profissional – e que são os mais organizados em corporações de classe – passaram a combater furiosamente o novo programa governamental que responderia aos alertas internacionais para a carência de médicos no país.

O nível de irritação da classe médica com o programa do governo federal foi aumentando a níveis antes insuspeitos. Em 31 de julho, quase um mês após a matéria da revista IstoÉ sobre o programa Mais Médicos, o colunista do jornal O Globo Ilimar Franco noticiou no portal daquele veículo uma manifestação impressionante de médicos de Brasília:

“Um grupo de médicos protestava ontem na frente do Ministério da Saúde contra o programa Mais Médicos, que abre postos de trabalho para médicos estrangeiros. O grito de guerra: “Somos ricos, somos cultos. Fora os imbecis corruptos“.

A atitude dos médicos, como era previsível ao usarem o “argumento” de que são “ricos e cultos” fez com que a maioria da população ficasse a favor do que começaram a pregar que fosse repudiado.

No Ceará, o presidente do Sindicato dos Médicos daquele Estado convocou um protesto contra médicos cubanos então reunidos em um evento do Ministério da Saúde. À saída, os médicos organizados passaram a vaiar seus colegas cubanos chamando-os de “escravos” por parte dos salários deles no Brasil ficar retida pelo governo de seu país.

Confira, aqui, a entrevista que o presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará, José Maria Pontes, deu ao Blog à época dos fatos.

Mais adiante, como parte do enredo, uma jornalista divulgou na internet a surpreendente “opinião” de que as entrevista a médica cubana_Quinho_upmédicas cubanas negras que estavam chegando ao país se pareceriam com “empregadas domésticas”. Essa afirmação foi vista como racista e quase gerou denúncia do Ministério Público.

Por essas e por outras, a guerra que esse setor organizado e estridente da classe médica vem travando para desacreditar o programa Mais Médicos vem sendo perdida para o governo. De acordo com pesquisa Datafolha divulgada em 12 de agosto, 54% dos entrevistados se disseram favoráveis ao Mais Médicos. A mesma pesquisa, realizada em junho, registrou índice de aprovação de 47%. Ao mesmo tempo, a rejeição ao programa diminuiu de 48% em junho para 40% em agosto.

E esse apoio continua crescendo. Em setembro, o Instituto Paraná de Pesquisas entrevistou 2,5 mil pessoas em todo país e aquele apoio de agosto ao programa Mais Médicos agora chegava aos 70,38%, corroborando dados de pesquisa Ibope feita pouco antes para a Confederação Nacional dos Transportes, que apontou que 74% dos brasileiros apoiavam a vinda de médicos estrangeiros para o país.

O fracasso (até aqui) dos médicos em influir na sociedade para obrigar o governo federal a interromper o programa Mais Médicos só fez estimular as entidades representantes da categoria a intensificar suas ações políticas. Os médicos que não conseguiram chantagear o governo agora querem derrotá-lo na eleição presidencial do ano que vem.

Segundo matéria do jornal O Globo, entidades de classe como a Associação Médica Brasileira vêm estimulando médicos a se filiarem a partidos políticos de oposição ao governo federal e a induzirem pacientes humildes a votarem contra Dilma Rousseff na eleição presidencial do ano que vem.

Sob estímulo das entidades de classe, estão ocorrendo filiações em massa de médicos a partidos de oposição, principalmente ao PSDB e ao DEM.

Segundo a AMB, pelo menos 300 médicos já se filiaram ao PSDB do Ceará, a convite do ex-senador tucano Tasso Jereissati (CE). No Mato Grosso do Sul e em Goiás, o DEM já articula um número grande de filiações até novembro. O deputado Luiz Henrique Mandetta (MS) trabalha junto ao líder do partido na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), para fazer um ato político e filiar, em um dia, cerca de mil profissionais.

Com base no número de quase 400 mil médicos com registro no país, o presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), Florentino Cardoso, afirmou ao jornal carioca que a maior parte dos médicos em atividade no país vai influenciar o eleitorado. A classe médica teria capacidade de movimentar 40 milhões de votos em 2014 (400 mil médicos influenciariam 100 pessoas cada um).

A conta, porém, é absolutamente inverossímil. Em primeiro lugar, os médicos dizem, claramente, que têm capacidade de influenciar pessoas pobres que, durante os processos eleitorais, viriam consultá-los sobre para quem devem dar seus votos. Pessoas humildes, porém, são justamente as pessoas que sofrem com a ausência de… Médicos (!!?).

Como os médicos vão dar conselhos em lugares aos quais sequer querem ir?

Os médicos que aceitarem fazer essa pregação abjeta e, em boa medida, imoral – médicos dizem que querem se aproveitar da baixa escolaridade de pessoas humildes para fazê-las votar de forma que beneficia só a eles mesmos – estão superfaturando a própria influência política, como mostram as pesquisas.

A ameaça que alguns médicos – seguramente não todos e, talvez, não tantos – estão fazendo à presidente da República pode produzir efeito oposto, pois com o programa Mais Médicos tendo se tornado tão popular os partidos que estão filiando em massa médicos contrários a esse programa certamente colarão em si mesmos a pecha de serem contra o desejo da maioria votante.

O que fica da nova ofensiva de parte da classe médica é uma certa perplexidade com profissionais que deveriam ser humanistas por definição, mas que, com a postura que estão adotando de forma crescente, vêm desmoralizando a sua profissão, fazendo com que seja vista como exercida por pessoas insensíveis, arrogantes e gananciosas.

Os médicos dificilmente influirão na decisão eleitoral da sociedade, ao menos como pretendem. O mais provável é que aqueles que pretendem influenciar se sintam chocados ao receberem pregação contra um programa social que quem precisa de médico sabe que é bom para si. Assim, os alvos eleitorais dos médicos votarão de forma oposta à que recomendarem.

médicos formados no exterior Brasil_up

Publicação original

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Espanha: “cortem o oxigênio dos doentes!”


E também o orçamento da Escola Pública

Pra fechar o orçamento público. E atingir as “metas”.
corte oxigênio pacientes_edtReprodução de postagem do Facebook
Tudo isso explicado…
Cortem-lhes o oxigênio!!

cospedal_oxygen_translated_up
Imagem editada de postagem original no Twitter

Neolibralismo. Espanha. PP (Partido “Popular”).

E tem gente no Brasil que é fã do discurso neoliberal de “cortes” (dando nome aos bois: de PSDB, PMDB, DEM, PTB, PPS… e uma farândula de outros partidos).

Diriam: — “Mas, nós, nós nunca chegaríamos a esse ponto! Imagina… cortar oxigênio de pacientes!”
Mentira. Hipocrisia. Enrolação. Não há nada que diferencie espanhóis, brasileiros, chineses ou costarriquenhos. Todos são seres humanos e respondem à ideologia que abraçam, quando querem.

Prestem atenção e escolham cuidadosamente suas opções políticas, ao votar.

Maiores explicações não são necessárias, certo?
_____
Link curto para esta postagem: http://bit.ly/oxygenplease2

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Dilma cancela viagem de Estado aos EUA

Uma clara mensagem dirigida ao mundo, e não somente aos Estados Unidos

Dilma Roussef - Foto Antonio CruzA mensagem que Dilma envia é clara:

· Aos EUA: a relação entre países não pode se basear em espionagem e intervenções ilegais.

· Ao mundo: reajam ao imperialismo, antes que seja tarde.


Ao cancelar sua viagem oficial de Estado aos EUA em outubro, devido às recentes denúncias — e comprovações — de espionagem da NSA (Agência Nacional de Segurança daquele país) sobre o seu gabinete e também sobre a Petrobras, a presidente Dilma Rousseff reafirma claramente os objetivos e o estilo da política externa do Brasil. Não se podia esperar menos da presidência da república.

Agravante a ser destacado como causa do cancelamento da visita oficial da presidente brasileira é o governos dos EUA, apesar da solicitação oficial enviada pelo Ministério das Ralações Exteriores do Brasil (MRE) no sentido de prestar esclarecimentos sobre o assunto da espionagem, não ter se pronunciado claramente. Os EUA acreditam que não estão obrigados a prestar contas pelos seus maus-feitos. No entanto, acham-se no direito de agir unilateralmente, sem o aval da ONU, como ‘polícia’ do mundo, como vimos no caso recente do incidente com armas químicas na Síria.

Um dos principais responsáveis por esses atos de espionagem terem vindo à tona foi o jornalista 20130807_Glenn Greenwall_BR Senate_EBC_upnorte-americano Glenn Greenwald (imagem: L. S.), que trabalha para o jornal britânico The Guardian e mora no Rio de Janeiro. Ressalte-se que, recentemente, o companheiro do jornalista foi detido e interrogado durante nove horas e teve todos os seus equipamentos eletrônicos confiscados pela polícia britânica, quando retornava de Berlim e seu voo fez uma escala no aeroposto de Heatrow. Chama a atenção que nenhuma acusação formal tenha sido feita contra o brasileiro; seus direitos foram violados pelo governo inglês apenas devido a “suspeitas” imprecisas.


A respeito do cancelamento da viagem oficial de Dilma aos EUA, o site VIOMUNDO reporta que:

Uma visita de estado é a categoria diplomática mais alta dada a governantes estrangeiros. Ela inclui elaboradas formalidades, como um jantar de gala, e uma cerimônia militar no momento da chegada.

Os EUA têm, normalmente, duas visitas de estado por ano.
Neste 2013, Dilma seria a única.
Essa seria a primeira visita de estado de um brasileiro aos EUA em quase duas décadas. O último presidente a receber a honra foi Fernando Henrique Cardoso, em 1995.

Dilma promete discursar sobre espionagem na abertura da 68º Assembleia Geral das Nações Unidas, que se realiza na próxima semana, em Nova York.


Esse posicionamento da presidente é importante, já que, como uma das maiores democracias do mundo, cabe ao Brasil referendar e ressaltar as formas de relação que aceitáveis entre países no mundo contemporâneo. E além disso, estimula outras nações a se posicionarem de forma semelhante. Certamente isso ajudará a redimensionar o valor da democracia, da privacidade, da não-intervenção em asssuntos estrangeiros e do respeito mútuo, em todo o mundo, mas principalmente nos EUA, país que está se especializando em suprimir direitos dos seus cidadãos, de estrangeiros e pisotear o direito internacional, inclusive o direito à privacidade, em nome de uma suposta “guerra ao terror”.

Esses valores e direitos têm também sido muito pisoteados principalmente por países que se dizem o suprassumo da democracia, tais como snowden louco_upos membros da União Européia (UE), que, em lamentável episódio recente, praticamente sabotaram o voo do presidente Evo Morales durante viagem oficial à Europa, colocando, inclusive, sua vida em risco, ao não permitirem a entrada da aeronave presidencial em seu espaço aéreo, por “suspeitas de que o avião presidencial boliviano estivesse levando a bordo Edward Snowden (imagem: ABAFO).

Edward Snowden é o técnico da NSA que revelou a espionagem internacional praticada por aquela agência, com o uso do software Prism, dentre outras ferramentas de espionagem cibernética, e que evadiu-se para a Rússia, depois de ter sido ameaçado de deportação rumo aos EUA pelo governo de Hong Kong.

Bolívia protesta_up

Na ocasião do incidente entre a UE e Morales, a presidente Roussef foi uma das primeiras, senão a primeira chefe de estado a se posicionar fortemente contra esses absurdos. Manifestações de desagravo a Morales ocorreram na Bolívia e em muitos outrs países da América Latina e do mundo. Imagem: L. S.
Apoiamos todas as medidas e procedimentos legais e diplomáticos que façam retroceder a invasão de privacidade ilegal dos Estados Unidos em todo o mundo.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Capitalismo contemporâneo: lógica e exigências insanas

Modo de produção capitalista contemporâneo exige jornadas de trabalho cada vez maiores e ininterruptas, e começa a ameaçar a própria vida das pessoas, depois de banalizar as doenças crônicas relacionadas ao trabalho excessivo e repetitivo — mesmo em países ditos desenvolvidos e sendo os sujeitos pertencentes à alta classe média


Jovem alemão estagiário de banco morre na Inglaterra, possivelmente vítima de excesso de trabalho. A insanidade da versão contemporânea do capitalismo começa a vitimar também pessoas de classe alta.


A notícia — do UOL

Londres: Estagiário do Bank of America (BOA) de 21 anos morre depois de trabalhar por 72 horas seguidas

O estudante Moritz Erhardt foi encontrado morto no chuveiro de seu alojamento em Londres, após sofrer uma convulsão. Ele estava trabalhando há praticamente 72 horas seguidas no Bank of America, onde fazia estágio – por três dias seguidos trabalhou até 6h da manhã, na semana em que morreu.
Moritz Erhardt_Bank of America_up“Todos nós trabalhamos longas horas durante os estágios de verão, mas quem trabalha nos bancos, tem jornadas que vão até 3h ou 4h da manhã. Os estagiários fazem isso por até 10 semanas. Vejo muitas pessoas andando por aí com olheiras enormes e bebendo café o dia todo, mas as pessoas não se queixam, porque as recompensas são grandes. Estamos competindo por trabalhos de altos salários”, disse ao jornal um #estudante que não quis ser identificado.
Ainda conforme o jornal britânico, Moritz foi um dos muitos estagiários que utilizava o chamado “The Magic Roundabout”, um serviço de taxi de luxo que leva os estudantes para casa e espera até que tomem um banho rápido, mudem de roupa e possam voltar imediatamente pra mais uma jornada de trabalho, sem descanso.

Reportagem completa (UOL) — Imagem: ABAFOnline sobre UOL & The Independent

Opiniões

eu2_óleoAlguém até poderia argumentar que esse tipo de desenlace é fruto de decisão pessoal, mas, de fato, é causado por uma peneira maléfica à qual quem não se submete fica excluído do mercado. De fato, leva à exclusão ativa por parte das empresas de funcionários que estejam dispostos a cumprir apenas e tão somente a carga horária trabalhista legal. Imaginamos que isso deve se tornar comum. As doenças profissionais crônicas já são um reflexo dessa situação. é de domínio público a informação que circula nas redes sociais de que trabalhadores norte-americanos, por exemplo, já trabalham em média até 66 horas semanais; basicamente para pagar dívidas adquiridas pela via do crédito. ~ Lincoln Sobral, Rio de Janeiro

AlexandreQuando uma pessoa se submete às regras do Sistema, esse mesmo Sistema acena com certos beneficios materiais. Essa logica de submeter-se para obter algo cria uma especie de torpor na consciência onde a pessoa passa a acreditar que o corpo também pode ser submetido, como uma maquina, a seu serviço. A partir desse momento o corpo nao é mais parte indissoluvel do individuo mais algo desconectado da consciência e que existe com o unico objetivo de satisfazer seus desejos. E se ele nao corresponde dever ser dominado, controlado e domesticado...(Nao é assim que fomos educados? Com horarios, tudo marcado pelo relogio para sermos mais eficazes?) E com a consciencia submetida à logica da produtividade passamos a acreditar que as obrigaçoes para com o Sistema sao prioridade. Viemos ao mundo para produzir, acumular, TER. Saimos da logica do PENSO logo EXISTO para a logica do TENHO logo EXISTO e por consequencia ao TENHO QUE...SENAO algo de terrivel vai me acontecer. E essa exposiçao sem limites do corpo às regras do Sistema destroi a propria consciencia de que para SER dependemos do corpo e que o corpo é independente do TER. ~ Alexandre Guimarães, França

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quarta-feira, 17 de julho de 2013

Maniphestantes do populacho affrontam a Nobreza Carioca e Phluminense

Maniphestantes cariocas e phluminenses prometem perturbar inclusive o somno dos governantes e das Elites, até que sua vasta gama de demandas seja ouvida com seriedade — e, fundamentalmente, atendida pelas autoridades responsáveis.
Não satisfeito em manifestar-se nas ruas pelo direito de locomover-se em transporte público de qualidade e com preço justo, o populacho da urbe do Rio de Janeiro agora affronta a Nobreza em seus momentos íntimos, como ocorreu no casamento de um membro da família do Sr. Jacob Barata, somente pelo fato de ser ele o controllador-mor das empresas de omnibus do Rio de Janeiro e amigo pessoal do governador do RJ, Sr. Sérgio Cabral Philho (PMDB), quem estava convidado e confirmado para a boda, havendo declinado no entanto de comparecer, ao saber que ocorreriam taes maniphestações populares à porta do Sanctuário Cathólico Apostólico Romano da Ordem Terceira do Carmo, no qual teria (e teve) lugar a cerimônia religiosa do supracitado casamento. Transcrevemos a seguir a reportagem de capa do Jornal das Coortes do dia 14 de julho de 2013, que abordou o incidente.

Ultraje! Hontem, 13 de julho de MMXIII, maniphestantes empanaram o brilho do enlace matrimonial de D. Beatriz Perissé Barata, em pleno passeio fronteiriço à Igreja da Ordem Terceira do Carmo, chamando-lhe "D. Baratinha" em altos brados, não contentes em exibir pancartas offensivas aos negócios de sua phamilia, qual capoeiras abolicionista-republicanos ensandecidos (photo de portada do Jornal das Coortes)!

jornal das coortes_affronta às elites
Fac-símile da reportagem de portada do Jornal das Coortes
Cortesia de São Sebastião do Rio de Janeiro


D. Beatriz Perissé Barata vem a ser neta do Sr. Jacob Barata, controllador-mor das emprezas de omnibus do Rio de Janeiro e amigo do Illustre Governador do RJ, Sr. Sérgio Cabral Philho (PMDB), quem, embora convidado para a boda, declinou de a ela comparecer à ultima hora, ao ficar ciente das maniphestações contrárias a sua pessoa e aos seus amigos, em curso às portas do supracitado Sanctuário Cathólico Apostólico Romano.

A pedido do pae da noiva, o Sr. Jacob Barata, o Illustríssimo Governador do Rio de Janeiro, o Sr. Sérgio Cabral Philho (PMDB), prontamente despachou effectivos das Tropas Especiaes Anti-distúrbio do Governo, para garantir a tranqüilidade dos convivas durante a recepção aprazada para logo depois da cerimônia religiosa nas dependências do Hotel Copacabana Pallace, onde havia manifestantes à espera dos nubentes e de seus convidados, os quais tencionavam prosseguir com tão pérphidos protestos, o que effectivamente levaram a cabo, mesmo sob o effeito da saraivada de gazes lacrimogêneos e bombas de "effeito moral" disparados à vera pelas tropas governamentaes!
Especialistas em cerimonial estimam que os festejos do apoteótico enlace matrimonial alcançaram a ciphra de DOUS MILHÕES de contos, entre gastos com a cerimônia religiosa, recepção, conveniências, inphra-estructura e mimos.
Fontes da imprensa revelaram que amigos da phamília do noivo, Francisco (Chiquinho) Feitosa -- de illustre phamilia da província do Ceará -- reservaram 80% das suítes do phaustoso Hotel para o nobre evento, e que convivas lançaram notas de 100 contos ao populacho -- além de um cinzeiro de vidro, que [desgraçadamente] partiu a testa de um maniphestante.
Matérias correlactas:
Reportagem na imprensa popular:
Protesto em casamento de neta de empresário do transporte pede CPI
image
Foto: Reynaldo Vasconcelos – Futura Press

Ranking das tarifas de ônibus no País (inphográphico)
Ranking tarifas de ônibus Brasil_Terra
Terra

Nota sobre a boda de Beatriz Perissé Barata
e Francisco (Chiquinho) Feitosa em columna social da
Província do Ceará
image
Foto: baladain.com.br

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Sobre cultos religiosos no Congresso

Realizou-se hoje sessão solene na Câmara dos Deputados, por requerimento da deputada Rosinha da Adefal (PT do B - AL), em homenagem à Ordem de Desbravadores (da Igreja Adventista do 7º Dia). O objetivo da sessão solene, além de homenagear tal instituição religiosa, foi manifestar apoio à criação pelo Congresso Nacional do “Dia Nacional dos Desbravadores”.
sessão adventista câmara dos deputados_up
Trajados com uniformes de estilo paramilitar, os oradores presentes pertencentes à Ordem dos Desbravadores verbalizam em seus discursos loas a um livro religioso, a Bíblia, e à figura central do cristianismo, Jesus Cristo — assim como os parlamentares comprometidos com o culto —, referindo-se à aquele líder religioso como “mestre”, “guia” ou assemelhados, mas não frisando que esses atributos se aplicam com referência aos cristãos, não à totalidade dos brasileiros.

Um dos oradores, em seu discurso, afirmou, citando a Bíblia, que “os governantes devem estar submetidos a Deus” (!!). Espero que ele tenha se referido apenas aos líderes religiosos da sua religião específica, e não aos representantes políticos eleitos pelo povo, cujo mandato popular não está submetido a deus nenhum e a nenhum poder além dos poderes constituídos do Estado, o Judiciário, o Legislativo e o Executivo — instituídos e /ou referendados pelo Povo.

A deputada Rosinha da Adefa aproveitou a “oportunidade” para lançar chamamentos à “juventude desse país” para continuar indo às ruas em defesa de melhores condições de vida etc. etc. etc.

Fica aqui o nosso protesto pela realização no Congresso Nacional de sessões solenes com objetivos religiosos! Protesto contra o uso do dinheiro público para objetivos religiosos nas casas legislativas do Brasil, ainda mais contra a transmissão de tais manifestações pelas TVs estatais!
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De maneira nenhuma nosso chamamento deve ser interpretado como demanda para que sejam criados impedimentos a manifestações religiosas no Brasil, muito pelo contrário. Apenas pensamos que seja inadequado que essas manifestações sejam realizadas, constantemente e de maneira corporativa, nas casas legislativas do País, como temos testemunhado nos últimos anos. Tais manifestações de cunho religioso podem tranquilamente realizar-se em quaisquer outros locais mais pertinentes para tal, sem perturbar a laicidade do Estado, como, por exemplo, em templos religiosos.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Sinal verde no Senado para mais destruição na Amazônia

Se não for isso, o que significa então permitir o cultivo de cana-de-açúcar na Amazônia Legal?


“De acordo com o projeto, a expansão do cultivo de cana na Amazônia Legal deve ter como diretrizes a proteção do meio ambiente, a conservação da biodiversidade…”

Quer rir (ou chorar) mais? Leia abaixo a reprodução da matéria da Agência Senado.



DUM

Matéria reproduzida da página da Agência Senado:

Aprovado plantio de cana na Amazônia Legal


O plantio de cana-de-açúcar poderá chegar à Amazônia Legal, nas áreas desmatadas e nos biomas cerrado e campos gerais. É o que prevê projeto (PLS 626/2011) aprovado nesta terça-feira (14) pela Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA).

Aprovado em decisão terminativa, o projeto recebeu cinco votos favoráveis e dois contrários, além de uma abstenção. Se não houver recurso de pelo menos nove senadores, seguirá diretamente para a Câmara, sem passar por votação pelo Plenário do Senado.

Para o autor da proposta, senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), o plantio de cana na região vai estimular a produção de biocombustíveis. Em voto favorável, o relator, senador Acir Gurgacz (PDT-RO), apontou a necessidade de ampliar as áreas de cultivo para o atendimento das demandas futuras de etanol e açúcar.

Contrário ao projeto, o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) lembrou que a região amazônica ficou fora de zoneamento agroecológico feito pela Embrapa para o cultivo da cana-de-açúcar no Brasil e que a proibição da cultura na região deveria ser mantida. Já os senadores Ivo Cassol (PP-RO), Valdir Raupp (PMDB-RO) e Ataídes Oliveira (PSDB-TO) defenderam a ampliação da produção de etanol, sob argumento de que o cultivo levará desenvolvimento a seus estados. O senador Cícero Lucena (PSDB-PB) também foi favorável. A senadora Ana Rita (PT-ES) votou contra, enquanto a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) se absteve.

De acordo com o projeto, a expansão do cultivo de cana na Amazônia Legal deve ter como diretrizes a proteção do meio ambiente, a conservação da biodiversidade e a livre concorrência, entre outras. Também deve considerar as disposições do novo Código Florestal e as recomendações da pesquisa.

O texto remete a (sic) regulamentação o estabelecimento de condições, critérios e vedações para a concessão de crédito rural e agroindustrial para cultivo de cana-de-açúcar e produção de açúcar, etanol e outros biocombustíveis e derivados, na Amazônia Legal.

A Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle é presidida pelo senador Blairo Maggi (PR-MT).

da Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)


Enquanto isso, no Marrocos…

Imagem: Facebook

Marrocos lança megaprojeto solar em Ouarzazate


O Marrocos lançou oficialmente nesta sexta-feira a construção de uma usina solar com capacidade para gerar 160 megawatts perto da cidade desértica de Ouarzazate, a primeira de uma série de grandes projetos de geração de energia a partir de fonte solar planejados no país.

A usina termo-solar, a maior do tipo no mundo, segundo Mustafá Bakkoury, diretor da agência de energia solar marroquina MASEN, custará 630 milhões de euros, e espera-se que esteja pronta em 2015, segundo a agência oficial de notícias MAP.

O projeto ambicioso "reforça o desejo de otimizar a exploração dos recursos naturais do Marrocos, preservar seu meio ambiente e sustentar seu desenvolvimento", afirmou Bakkoury durante uma cerimônia, à qual esteve presente o rei Mohammed VI.

Esta é a primeira fase de um projeto que consiste de duas, cuja conclusão está prevista para 2020, e espera-se que se estenda por 3.000 hectares e tenha uma capacidade de geração de energia de 500 megawatts, o suficiente para atender às demandas do 1,5 milhão de habitantes de Ouarzazate.

O país norte-africano visa a se tornar um gerador com relevância mundial de energias renováveis e está de olho na oportunidade de exportar eletricidade limpa para a vizinha Europa.

O Marrocos espera construir cinco usinas solares até o final da década, com uma capacidade produtiva combinada de 2.000 megawatts e a um custo estimado de 9 bilhões de dólares (6,9 bilhões de euros).

O reino não tem reservas de gás e petróleo e sua esperança é que, com estes projetos de energia solar, juntamente com os planos de desenvolver uma cadeia de fazendas eólicas ao longo de sua costa Atlântica, consiga aumentar a produção de energia renovável a 42% do total de sua matriz energética até 2020.

Parcialmente reproduzido de matéria da AFP no Yahoo!













quinta-feira, 9 de maio de 2013

Informação política em tempo real na era digital é fundamental

Campanha popular pelo direito de todos os cidadãos de acompanhar o que se passa no legislativo em tempo real. Se vivemos na época digital, por que não temos acesso à informação política direta e em tempo real pela via digital? Por que a mídia tem de filtrar a informação antes que chegue a nós?
Campanha pela transmissão das sessões da ALERJ e da Câmara Municipal do Rio pela TV aberta. Pelo direito de assistirmos ao vivo, a qualquer momento e em qualquer bar de esquina, o desenrolar dos trabalhos dos nossos digníssimos representantes naquelas casas legislativas. Transparência é fundamental.


Atualmente a Rio TV Câmara e a TV Alerj, o canal das casas legislativas da cidade do estado do Rio, respectivamente, compartilham o mesmo canal na TV por assinatura. Isso dificulta o acompanhamento das sessões plenárias pela TV, uma vez que grande parte das sessões de ambas as casas legislativas ocorrem ao mesmo tempo, porém apenas uma é transmitida pelo canal. Além disso, os canais não estão acessíveis àqueles que não querem ou não podem pagar a TV por assinatura.

Clique no link para exigir que os canais da Câmara Municipal carioca e da Alerj sejam transmitidos em canais diferentes e na TV aberta:
Panela de Pressão – Campanha do Meu Rio pela transmissão das sessões da ALERJ e da Câmara de Vereadores do Rio pela TV aberta

terça-feira, 7 de maio de 2013

Maracanã - a travessia

O ISERJ e o Projeto Aprender nas Ruas convidam para a atividade de mobilização em apoio à paralisação dos funcionários da FAETEC.

Debate: Maracanã – a travessiaReunião de instituições e forças para refletir a história e as histórias em torno das desastrosas medidas governamentais para a cidade na região do Maracanã.

Dia 9 de maio, 5ª feira, das 18 às 20h – ISERJ sala 300
Local: Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro – ISERJ
Rua Mariz e Barros, 273 – Tijuca (estação Afonso Pena ou São Cristóvão)


Será conferido certificado de presença
Página do ISERJ - redireciona para o facebook
Telefone: 21 2334-2501

Literatura infantil libertária

A Editora Deriva (Porto Alegre - RS), de matriz anarquista, fundada em 2005, está selecionando textos de autores sintonizados com valores e ideais libertários para publicá-los numa coletânea de contos infantis libertários, iniciativa diferenciada no panorama da literatura infantil.
 
Autores interessados devem entrar em contato pelo e-mail da editora, para enviar seus contos com até 9 mil caracteres. O prazo é até julho de 2013.
 
 
 
 

 da
 Editora Deriva

quarta-feira, 27 de março de 2013

Mesmo a Universidade precisa se reeducar

Fatos cotidianos provam que ainda vivemos numa sociedade racista. O respeito às diferenças, na prática, é outra história.


A crescente democratização étnica do acesso ao ensino superior revela a discriminação racial escamoteada na sociedade brasileira. Como exemplo, vemos que casos de discriminação racial contra estudantes afrodescendentes e africanos são recorrentes na UFRJ. Um estudante de Filosofia negro foi abertamente discriminado por um condutor de ônibus do campus. Ao questionar o condutor do veículo sobre sua atitude abertamente racista, o estudante não recebeu manifestação de apoio de nenhum dos outros passageiros do veículo. Outro estudante, africano, de Relações Institucionais, diz-se "obrigado a provar ser estudante a toda hora" e afirma que a segurança da universidade explica como "procedimento padrão" a abordagem a "pessoas que não parecem ser alunos da Universidade".

Charge (Millôr?):
blog G'bala 

Racismo na UFRJ

Constrangimento a um aluno negro em um ônibus de serviço interno suscita a reflexão sobre o odioso preconceito em uma das maiores instituições federais do país.
Reportagem especial - por Kenzo Soares Seto

do Jornal da Associação de Docentes da UFRJ (ADUFRJ) - edição nº 792, março de 2013  (vide páginas 6 e 7)


Simbolismo em trote
Recente trote a calouros na Faculdade de Direito da UFMG
 causou comoção nas redes sociais. Defensores do trote
alegam: imagens foram veiculadas "fora de contexto".
Imagem e reportagem: O Estado de Minas




ensino de história e cultura afro-brasileira e indígenaprevisto no

artigo 26 A da  Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB),

ainda não é realidade na maioria das escolas de ensino fundamental 

e médio do País, mesmo decorridos 10 anos da criação da SEPPIR

(Secretaria de Promoção da Igualdade Racial). 



Estatuto da Igualdade Racial
Lei de Diretrizes e Bases (LDB)




Tinha uma comunidade no meio do caminho

Afinal de contas, as UPPs estabelecem uma política de segurança de Estado de pacificação ou de terror?


Graves violações de direitos de moradores de comunidades pela assim chamada política de pacificação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) do governo Sérgio Cabral / Pezão / José Mariano Beltrame (RJ) ocorrem cada vez com maior frequência.

Charge: Latuff - para Carta Capital
Depoimentos à imprensa alternativa de moradores de Manguinhos em 17 de março atestam que jovem de 17 anos foi morto por arma de choque elétrico (taser). A versão da polícia é de que "o jovem caiu e bateu com a cabeça".

Além disso, residências e estabelecimentos comerciais foram invadidos e mulheres e crianças de até 3 meses de idade foram atingidas intencionalmente com spray de pimenta por policiais, durante a operação repressiva levada a cabo pela polícia militar para conter manifestações de protesto dos moradores pela morte do jovem, conforme depoimentos à equipe de reportagem.


Vídeo: reportagem de A Nova Democracia


sábado, 23 de março de 2013

Tudo por dinheiro

Cabral invade a aldeia

Marx escreveu que "a história só se repete como tragédia ou como farsa". Taí: Cabral invadiu a Aldeia Maracanã, com suas naus cruzadistas, e expulsa seus nativos. Mas a luta vai prosseguir, e os "conquistadores" contemporâneos, mercadores dos espaços urbanos, encontrarão resistência!

Por Chico Alencar*
Não, não estamos em 1500. O fato truculento se deu há pouco, no Rio. Mais de 200 PMs, apoiados por carros blindados e helicóptero, desalojaram indígenas que ocupavam há anos o antigo Museu do Índio, no Maracanã.
O prédio público se tornara "ruína dirigida", para a prevalência de interesses da especulação imobiliária e dos negócios privados - entre eles, o assumido pelo governo do estado, de ali fazer um... estacionamento! Esse projeto nem a Fifa, argentarista como é, segurou! Graças à tenaz ocupação, o governo teve que recuar e prometeu preservar o imóvel. Mas não aceita a proposta de criar ali um Centro de Referência das Culturas Indígenas, muito menos de vê-lo ocupado por representantes de povos originários.
A Justiça injusta concedeu reintegração de posse para quem nunca zelou pelo local. E a Polícia de Cabral não cumpriu integralmente o acordo mediado com parlamentares do PSOL e um procurador da República: invadiu o prédio antes mesmo dos 10 minutos solicitados para um ritual de finalização da ocupação.
Às centenas de pessoas que apoiavam, extra-muros, a boa causa, a tropa de choque distribuiu bombas, balas de borracha, gás pimenta e prisões, perseguindo os manifestantes pela rua afora.
Com uma ânsia de bater que, entre outras anormalidades, pode refletir não apenas o despreparo, mas também as condições de trabalho impostas pelo governo cujas ordens seus soldados são tão violentamente fiéis em obedecer ("o opressor introjeta seus valores no oprimido" - Paulo Freire).
Marx escreveu que "a história só se repete como tragédia ou como farsa". Taí: Cabral invadiu a Aldeia Maracanã, com suas naus cruzadistas, e expulsa seus nativos. Mas a luta vai prosseguir, e os "conquistadores" contemporâneos, mercadores dos espaços urbanos, encontrarão resistência!
*Chico Alencar é deputado federal pelo PSOL/RJ.


Aldeia Maracanã - É assim que se faz uma Copa?
Cada vez que se comete um ato de violência que coloca em risco a integridade de um grupo social indígena, se esfacela sua cultura, seu modo de vida, suas possibilidades de expressão. É uma porta que se fecha para o conhecimento da humanidade, como dizia Levi-Strauss. É essa a Copa do Mundo que o governo quer fazer?

Por Fernanda Sánchez*

Nesta sexta-feira[22/3], o Batalhão de Choque da Polícia Militar invadiu a Aldeia Maracanã, antigo Museu do Índio, e agiu com extraordinária truculência. Os policiais  jogaram bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo, gás pimenta, bateram nos manifestantes e prenderam ativistas e estudantes. A Aldeia estava ocupada desde o ano de 2006 por grupos representativos de diferentes nações indígenas que, nos últimos tempos, diante do projeto de demolição do prédio (para aumentar a área de dispersão do Estádio do Maracanã, estacionamento e shopping), vinham resistindo.
As lideranças indígenas são apoiadas por diversos movimentos sociais, estudantes, pesquisadores, universidades, comitês populares, organizações nacionais e internacionais de defesa dos Direitos Humanos, redes internacionais e outras organizações da sociedade civil. A luta dos índios e o conflito estabelecido entre o governo e o movimento resultaram num importante recuo do governo, que diante da pressão social desistiu da demolição do prédio e passou a defender a sua “preservação”. A desocupação do prédio foi decretada, com hora marcada. Os índios, no entanto, continuaram a resistir, apoiados por diversas organizações.
Certamente essa posição política ensina muito mais aos cidadãos cariocas e ao mundo sobre preservação, direitos e cidades do que as violentas ações que vêm sendo mostradas nos diversos meios. Para os índios e para as organizações sociais que os apoiam, preservar o prédio vai muito além de preservar sua materialidade. A essência da preservação, neste caso como em muitos outros, está na preservação das relações sociais, usos e apropriações que lhe dão sentido e conteúdo. Seria um exemplo para o Brasil e para o mundo a preservação da Aldeia Maracanã, o reconhecimento de seu uso social e a pactuação democrática acerca da reabilitação arquitetônica do edifício.
Cada vez que se comete um ato de violência que coloca em risco a integridade de um grupo social indígena, se esfacela sua cultura, seu modo de vida, suas possibilidades de expressão. É uma porta que se fecha para o conhecimento da humanidade, como dizia Levi-Strauss. É essa a Copa do Mundo que o governo quer fazer? É esse espetáculo da violência, a lição civilizatória que o Rio de Janeiro tem para mostrar ao mundo? A política-espetáculo tem um efeito simbólico: mostrar que o avanço do projeto de cidade, rumo aos megaeventos esportivos, far-se-á a qualquer custo.
Direitos humanos, democracia e pactuação estão fora da agenda deste projeto de cidade. Os manifestantes, em absoluta condição de desigualdade frente à força policial e seu aparato de violência, lançaram mão de instrumentos bem diferentes daqueles utilizados pelo Batalhão de Choque: ocuparam o prédio para apoiar os índios, resistiram à sua desocupação e manifestaram, no espaço público, nas ruas e avenidas do entorno do complexo do Maracanã, sua reprovação e indignação frente à marcha violenta desta política.
*Fernanda Sánchez é professora da UFF e pesquisadora sobre megaeventos e as cidades.
*-*-*

Republicado do blog Prestes a Ressurgir

terça-feira, 12 de março de 2013

Por um Centro Cultural Indígena no Rio

Na Aldeia Maracanã, Original Museu do Índio

Amigo do Rio,
 
Nesta quarta feira dia 13, será votado o Projeto de Lei municipal que não só tomba o histórico prédio do Museu do Índio, como também garante que ele será um espaço dedicado exclusivamente à memória e preservação da cultura indígena. Precisamos mostrar aos Vereadores que estamos acompanhando o voto deles e cobrar a aprovação desse Projeto de Lei! Por isso, convidamos você a ir com a gente assistir a votação.
 
- Local: Câmara Municipal do Rio de Janeiro, Cinelândia.
- Hora: A partir das 15h. A votação dos Projetos de Lei começa às 16h.
- Obs: A Câmara continua careta (por enquanto) e, mesmo nesse calor do Saara, homens só podem entrar de calça. Todos devem levar documento de identidade com foto.
 
Espalhe o convite compartilhando essa imagem: http://bit.ly/VotaçãoAldeia
 
Com a mobilização de milhares de cariocas pela preservação do Museu do Índio, já conseguimos fazer com que o Governador voltasse atrás da demolição do prédio, fizemos o IPHAN incluir o tombamento do local na pauta da sua próxima reunião e avisamos ao Presidente do Comitê Olímpico Brasileiro que não gostamos da ideia dele de fazer um Museu Olímpico no prédio. Agora vamos aproveitar mais essa chance de preservar a nossa cultura!
 
Nos vemos lá na quarta!
 
Por um Rio de Janeiro cada vez mais lindo,
Rafael, Daniela, Alessandra, Miguel e toda a equipe do Meu Rio.
 
Fontes:
Projeto de Lei 1536/2012

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Preservem a Aldeia Maracanã, Original Museu do Índio.

Presidente Dilma: não se omita

Aplique alguma verba da União no local e aconselhe o governador do RJ a fazer o mesmo. O custo da demolição licitada pelo governo do RJ (mais de 550 mil reais) já é mais alto do que a reforma e revitalização do prédio para transformá-lo no Centro Cultural Indígena Aldeia Maracanã.

Artigo

Dilma e Geisel,

Cabral e índios

*João Batista Damasceno

Rio - Além dos tristes legados à história do Brasil, o Governo Geisel legou à memória do Rio de Janeiro a demolição do Palácio Monroe. Sem registro histórico, diz-se que o imóvel foi afetado por disparos na Revolta da Chibata de 1910, quando negros semialfabetizados tomaram o destino de suas vidas nas próprias mãos e resolveram exigir o fim dos castigos corporais na Marinha de Guerra. Geisel não gostava do prédio que abrigara o Senado Federal porque teria marcas do levante popular, organizado exclusivamente por homens do povo que teriam obrigado o presidente da República e o Congresso a se ajoelhar pedindo clemência. Para Geisel, de ascendência alemã, a Revolta da Chibata foi uma afronta da ralé à elite naval, composta de oficiais louros e educados no estilo inglês. Os tiranos abominam a memória popular.

O prédio que abriga a Aldeia Maracanã corre o risco de ser demolido, com possível ciência da presidenta Dilma. Trata-se de edificação histórica doada em 1865, ao Império, pelo duque de Saxe, genro de D. Pedro II para emprego em atividades relacionadas aos índios. Em 1910 abrigou o Serviço de Proteção aos Índios. Em 1953, com Darci Ribeiro, os irmãos Villas-Bôas e o marechal Rondon, nele instalou-se o Museu do Índio, que funcionou até 1978. Ultimamente vem sendo ocupado por comunidades indígenas em suas visitas à cidade para resolver problemas de suas aldeias.

aldeia maracanã_agência olhares_editada

De acordo com certidão do 11º RGI, o prédio era da União Federal, que o transferiu para a Cobal, que o transferiu para a Conab, também federal. Para se eximir do ônus da demolição para a Copa do Mundo, o governo federal autorizou a transferência para o estado, por meio de promessa de compra e venda, ainda não registrada ou averbada. Se o governo do estado demolir o prédio, não o será sem que disto participe a presidenta Dilma, ainda que por omissão, que ficará na história da cidade tal como Geisel. Quanto à relação de Cabral com os índios, o histórico de desrespeito data de 1500.

pedido assinaturas petição aldeia maracanã

Petição contra a demolição e pelo tombamento da Aldeia Maracanã, Original Museu do Índio

*João Batista Damasceno é Doutor em Ciência Política pela UFF e juiz de Direito. Membro da Associação Juízes para a Democracia.