quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Capitalismo contemporâneo: lógica e exigências insanas

Modo de produção capitalista contemporâneo exige jornadas de trabalho cada vez maiores e ininterruptas, e começa a ameaçar a própria vida das pessoas, depois de banalizar as doenças crônicas relacionadas ao trabalho excessivo e repetitivo — mesmo em países ditos desenvolvidos e sendo os sujeitos pertencentes à alta classe média


Jovem alemão estagiário de banco morre na Inglaterra, possivelmente vítima de excesso de trabalho. A insanidade da versão contemporânea do capitalismo começa a vitimar também pessoas de classe alta.


A notícia — do UOL

Londres: Estagiário do Bank of America (BOA) de 21 anos morre depois de trabalhar por 72 horas seguidas

O estudante Moritz Erhardt foi encontrado morto no chuveiro de seu alojamento em Londres, após sofrer uma convulsão. Ele estava trabalhando há praticamente 72 horas seguidas no Bank of America, onde fazia estágio – por três dias seguidos trabalhou até 6h da manhã, na semana em que morreu.
Moritz Erhardt_Bank of America_up“Todos nós trabalhamos longas horas durante os estágios de verão, mas quem trabalha nos bancos, tem jornadas que vão até 3h ou 4h da manhã. Os estagiários fazem isso por até 10 semanas. Vejo muitas pessoas andando por aí com olheiras enormes e bebendo café o dia todo, mas as pessoas não se queixam, porque as recompensas são grandes. Estamos competindo por trabalhos de altos salários”, disse ao jornal um #estudante que não quis ser identificado.
Ainda conforme o jornal britânico, Moritz foi um dos muitos estagiários que utilizava o chamado “The Magic Roundabout”, um serviço de taxi de luxo que leva os estudantes para casa e espera até que tomem um banho rápido, mudem de roupa e possam voltar imediatamente pra mais uma jornada de trabalho, sem descanso.

Reportagem completa (UOL) — Imagem: ABAFOnline sobre UOL & The Independent

Opiniões

eu2_óleoAlguém até poderia argumentar que esse tipo de desenlace é fruto de decisão pessoal, mas, de fato, é causado por uma peneira maléfica à qual quem não se submete fica excluído do mercado. De fato, leva à exclusão ativa por parte das empresas de funcionários que estejam dispostos a cumprir apenas e tão somente a carga horária trabalhista legal. Imaginamos que isso deve se tornar comum. As doenças profissionais crônicas já são um reflexo dessa situação. é de domínio público a informação que circula nas redes sociais de que trabalhadores norte-americanos, por exemplo, já trabalham em média até 66 horas semanais; basicamente para pagar dívidas adquiridas pela via do crédito. ~ Lincoln Sobral, Rio de Janeiro

AlexandreQuando uma pessoa se submete às regras do Sistema, esse mesmo Sistema acena com certos beneficios materiais. Essa logica de submeter-se para obter algo cria uma especie de torpor na consciência onde a pessoa passa a acreditar que o corpo também pode ser submetido, como uma maquina, a seu serviço. A partir desse momento o corpo nao é mais parte indissoluvel do individuo mais algo desconectado da consciência e que existe com o unico objetivo de satisfazer seus desejos. E se ele nao corresponde dever ser dominado, controlado e domesticado...(Nao é assim que fomos educados? Com horarios, tudo marcado pelo relogio para sermos mais eficazes?) E com a consciencia submetida à logica da produtividade passamos a acreditar que as obrigaçoes para com o Sistema sao prioridade. Viemos ao mundo para produzir, acumular, TER. Saimos da logica do PENSO logo EXISTO para a logica do TENHO logo EXISTO e por consequencia ao TENHO QUE...SENAO algo de terrivel vai me acontecer. E essa exposiçao sem limites do corpo às regras do Sistema destroi a propria consciencia de que para SER dependemos do corpo e que o corpo é independente do TER. ~ Alexandre Guimarães, França

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