quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Preservem a Aldeia Maracanã, Original Museu do Índio.

Presidente Dilma: não se omita

Aplique alguma verba da União no local e aconselhe o governador do RJ a fazer o mesmo. O custo da demolição licitada pelo governo do RJ (mais de 550 mil reais) já é mais alto do que a reforma e revitalização do prédio para transformá-lo no Centro Cultural Indígena Aldeia Maracanã.

Artigo

Dilma e Geisel,

Cabral e índios

*João Batista Damasceno

Rio - Além dos tristes legados à história do Brasil, o Governo Geisel legou à memória do Rio de Janeiro a demolição do Palácio Monroe. Sem registro histórico, diz-se que o imóvel foi afetado por disparos na Revolta da Chibata de 1910, quando negros semialfabetizados tomaram o destino de suas vidas nas próprias mãos e resolveram exigir o fim dos castigos corporais na Marinha de Guerra. Geisel não gostava do prédio que abrigara o Senado Federal porque teria marcas do levante popular, organizado exclusivamente por homens do povo que teriam obrigado o presidente da República e o Congresso a se ajoelhar pedindo clemência. Para Geisel, de ascendência alemã, a Revolta da Chibata foi uma afronta da ralé à elite naval, composta de oficiais louros e educados no estilo inglês. Os tiranos abominam a memória popular.

O prédio que abriga a Aldeia Maracanã corre o risco de ser demolido, com possível ciência da presidenta Dilma. Trata-se de edificação histórica doada em 1865, ao Império, pelo duque de Saxe, genro de D. Pedro II para emprego em atividades relacionadas aos índios. Em 1910 abrigou o Serviço de Proteção aos Índios. Em 1953, com Darci Ribeiro, os irmãos Villas-Bôas e o marechal Rondon, nele instalou-se o Museu do Índio, que funcionou até 1978. Ultimamente vem sendo ocupado por comunidades indígenas em suas visitas à cidade para resolver problemas de suas aldeias.

aldeia maracanã_agência olhares_editada

De acordo com certidão do 11º RGI, o prédio era da União Federal, que o transferiu para a Cobal, que o transferiu para a Conab, também federal. Para se eximir do ônus da demolição para a Copa do Mundo, o governo federal autorizou a transferência para o estado, por meio de promessa de compra e venda, ainda não registrada ou averbada. Se o governo do estado demolir o prédio, não o será sem que disto participe a presidenta Dilma, ainda que por omissão, que ficará na história da cidade tal como Geisel. Quanto à relação de Cabral com os índios, o histórico de desrespeito data de 1500.

pedido assinaturas petição aldeia maracanã

Petição contra a demolição e pelo tombamento da Aldeia Maracanã, Original Museu do Índio

*João Batista Damasceno é Doutor em Ciência Política pela UFF e juiz de Direito. Membro da Associação Juízes para a Democracia.

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