terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Cor não tem gênero, gênero não tem cor, a sexualidade é diversa e não é tabu

Arte: @anjosujo
Ao tentar impor "cores" a gêneros, Damares (ministra da Família de Bolsonaro) na realidade está expondo sua opinião sobre a conduta sexual humana, estudada à exaustão por especialistas como Masters e Jonhson e Kinsey, desde a década de 1940. Em seu decreto moral, Damares mostra-se tapada (único adjetivo plausível para esse caso): aceita apenas o nível 0 da classificação criada por Kinsey, que descreve várias condições humanas em relação à sexualidade:
Fonte: Wikipédia
Seu erro é tentar impor suas opiniões como verdades absolutas; erro grosseiro e desonesto, especialmente por estar ela ocupando um cargo cujo fim deveria ser garantir o bem-estar de pessoas e famílias em uma sociedade na qual a diversidade é basilar. Esse estado de bem-estar decerto inclui o direito de não ser discriminado(a) ou violentado(a) em seus direitos e sua autoaceitação.

Damares diz-se contra a "ideologia de gênero" nas escolas, mas ideologia de gênero é coisa inexistente no processo educativo público brasileiro. O que se ensina nas escolas, nas disciplinas das áreas de ciências e sociedade é, didaticamente, o funcionamento do aparelho reprodutor humano e as diferenças entre os sexos, a partir do sétimo ano do ensino fundamental, e a diversidade e o respeito às diferenças entre os sexos e os gêneros (inclusive os que recentemente têm sido trazidos à luz pela própria sociedade), a partir do oitavo ano, para que os pré-adolescentes possam se orientar sobre o funcionamento de seus próprios corpos e ter uma conduta social de respeito entre os sexos e aceitação e tolerância com todos os gêneros.

Quem tem "ideologia de gênero" é a Damares e a turma que ela representa: grupos retrógrados fundamentalistas que querem fazer a sociedade estacionar e regredir, por força de doutrinas religiosas que não são unanimidade. Sem contar que o Estado brasileiro é laico, portanto, não pode ser regulado por doutrinas religiosas, de acordo com a própria Constituição.

Outras funções importantes da abordagem da sexualidade humana nos currículos dos anos finais do ensino fundamental são: (i) o esclarecimento sobre a existência de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs); (ii) tornar os pré-adolescentes preparados para reconhecer caso sejam sexualmente molestados, podendo assim denunciar atos de pedofilia praticados contra si. Se não puderem discernir entre um comportamento normal de um adulto em relação a eles e um ato de abuso sexual contra si, como poderão denunciá-lo?

No sentido de questionar um posicionamento tão retrógrado sem temer parecer radicais, pessoas cujas mentes estão operando no século XXI, ao contrário do pessoal da Damares, só podem responder ao pseudodecreto moral da ministra Damares sobre a sexualidade universal com um sonoro... "FODA-SE"!

Arte: @anjosujo