SEM QUERER EXAURIR O ASSUNTO, APENAS REFLETINDO UM POUCO
Não estou certo se a matéria de algum jornal tratou de 'justificar' o crime do rapaz ou de explicitar o seu perfil social. Isso depende de interpretações. A transformação de pessoas em verdadeiras bestas-feras — afinal, quem pula nas costas de alguém, sem que aquele tenha esboçado reação, e o esfaqueia até a morte para roubar, qualquer coisa que seja, ou quem planeja friamente o assassinato dos próprios pais a pauladas, na calada da noite, em pleno sono, pode sim, ser comparado a uma besta-fera.
Suponho que a estatística possa demonstrar a ocorrência bruta e proporcional desse tipo de monstruosidade, independentemente do estrato social dos envolvidos. As probabilidades não deve(ria)m ser semelhantes. Ou já nos esquecemos do caso do norueguês rico e de boa educação que matou a tiros de rifle de assalto mais de 70 adolescentes e mães, para "afirmar uma posição ideológica"?
Alguns sustentam que “a bandidagem” está na cadeia sustentada por “seus impostos”, esquecendo-se ou omitindo que os "nossos impostos" são pagos POR TODOS. A classe pobre TAMBÉM paga impostos sobre TUDO o que consome, o que compromete uma parcela muito maior da sua renda do que das classes mais abastadas. Não sobram milhões pra evadir do fisco e depositar no HSBC na Suíça. O que ocorre é que quando um crime hediondo é cometido por alguém desprovido de bens, ou indigente, é qualificado como “atrocidade”, mas, quando crime semelhante é cometido por alguém abastado, é classificado como “desvio” ou “fatalidade’ ou “tragédia, devido ao motivo X”. Nenhum crime é justificável, muito menos os crimes contra a vida de outrem, e todos devem responder por seus eventuais crimes cometidos sob o peso da mesma lei.
Uma coisa é certa: enquanto tivermos uma mídia pautada unicamente no lucro, na qual, por exemplo, um dos principais apresentadores de TV do País entrevista no seu programa de “entretenimento” uma criminosa parricida e matricida — assassina de pai e mãe — “somente” para ganhar pontos em audiência, e consequentemente, $$, sem considerar a glamourização do crime que isso pode levar às mentes mais frágeis — mídia que hipnotiza, colocando o ideal de felicidade em coisas, sob a égide do consumismo capitalista —, casos como “esse” — o último — deverão continuar acontecendo vez por outra.
Além dela, a mídia, muitos outros fatores influem nesse estado de coisas, dentro de um espectro maior “legado” por 388 anos — em 515 — de escravidão explícita e exclusão e despojamento de TUDO, cujos reflexos na sociedade atual insistimos em ignorar. Então, continuaremos “chocados”, ESPECIALMENTE, sob o comando da mídia, com os crimes praticados por menores, que, na realidade, correspondem a menos de 0,9% dos crimes totais apurados, embora perfaçam aproximadamente 1/5 da população. Mas nada mudará somente com o nosso “choque”, e continuaremos indo buscar “entretenimento” depois de cada “absurdo” proporcionado pela REALIDADE.