sexta-feira, 21 de junho de 2013

Sobre cultos religiosos no Congresso

Realizou-se hoje sessão solene na Câmara dos Deputados, por requerimento da deputada Rosinha da Adefal (PT do B - AL), em homenagem à Ordem de Desbravadores (da Igreja Adventista do 7º Dia). O objetivo da sessão solene, além de homenagear tal instituição religiosa, foi manifestar apoio à criação pelo Congresso Nacional do “Dia Nacional dos Desbravadores”.
sessão adventista câmara dos deputados_up
Trajados com uniformes de estilo paramilitar, os oradores presentes pertencentes à Ordem dos Desbravadores verbalizam em seus discursos loas a um livro religioso, a Bíblia, e à figura central do cristianismo, Jesus Cristo — assim como os parlamentares comprometidos com o culto —, referindo-se à aquele líder religioso como “mestre”, “guia” ou assemelhados, mas não frisando que esses atributos se aplicam com referência aos cristãos, não à totalidade dos brasileiros.

Um dos oradores, em seu discurso, afirmou, citando a Bíblia, que “os governantes devem estar submetidos a Deus” (!!). Espero que ele tenha se referido apenas aos líderes religiosos da sua religião específica, e não aos representantes políticos eleitos pelo povo, cujo mandato popular não está submetido a deus nenhum e a nenhum poder além dos poderes constituídos do Estado, o Judiciário, o Legislativo e o Executivo — instituídos e /ou referendados pelo Povo.

A deputada Rosinha da Adefa aproveitou a “oportunidade” para lançar chamamentos à “juventude desse país” para continuar indo às ruas em defesa de melhores condições de vida etc. etc. etc.

Fica aqui o nosso protesto pela realização no Congresso Nacional de sessões solenes com objetivos religiosos! Protesto contra o uso do dinheiro público para objetivos religiosos nas casas legislativas do Brasil, ainda mais contra a transmissão de tais manifestações pelas TVs estatais!
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De maneira nenhuma nosso chamamento deve ser interpretado como demanda para que sejam criados impedimentos a manifestações religiosas no Brasil, muito pelo contrário. Apenas pensamos que seja inadequado que essas manifestações sejam realizadas, constantemente e de maneira corporativa, nas casas legislativas do País, como temos testemunhado nos últimos anos. Tais manifestações de cunho religioso podem tranquilamente realizar-se em quaisquer outros locais mais pertinentes para tal, sem perturbar a laicidade do Estado, como, por exemplo, em templos religiosos.