quarta-feira, 27 de março de 2013

Mesmo a Universidade precisa se reeducar

Fatos cotidianos provam que ainda vivemos numa sociedade racista. O respeito às diferenças, na prática, é outra história.


A crescente democratização étnica do acesso ao ensino superior revela a discriminação racial escamoteada na sociedade brasileira. Como exemplo, vemos que casos de discriminação racial contra estudantes afrodescendentes e africanos são recorrentes na UFRJ. Um estudante de Filosofia negro foi abertamente discriminado por um condutor de ônibus do campus. Ao questionar o condutor do veículo sobre sua atitude abertamente racista, o estudante não recebeu manifestação de apoio de nenhum dos outros passageiros do veículo. Outro estudante, africano, de Relações Institucionais, diz-se "obrigado a provar ser estudante a toda hora" e afirma que a segurança da universidade explica como "procedimento padrão" a abordagem a "pessoas que não parecem ser alunos da Universidade".

Charge (Millôr?):
blog G'bala 

Racismo na UFRJ

Constrangimento a um aluno negro em um ônibus de serviço interno suscita a reflexão sobre o odioso preconceito em uma das maiores instituições federais do país.
Reportagem especial - por Kenzo Soares Seto

do Jornal da Associação de Docentes da UFRJ (ADUFRJ) - edição nº 792, março de 2013  (vide páginas 6 e 7)


Simbolismo em trote
Recente trote a calouros na Faculdade de Direito da UFMG
 causou comoção nas redes sociais. Defensores do trote
alegam: imagens foram veiculadas "fora de contexto".
Imagem e reportagem: O Estado de Minas




ensino de história e cultura afro-brasileira e indígenaprevisto no

artigo 26 A da  Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB),

ainda não é realidade na maioria das escolas de ensino fundamental 

e médio do País, mesmo decorridos 10 anos da criação da SEPPIR

(Secretaria de Promoção da Igualdade Racial). 



Estatuto da Igualdade Racial
Lei de Diretrizes e Bases (LDB)




Tinha uma comunidade no meio do caminho

Afinal de contas, as UPPs estabelecem uma política de segurança de Estado de pacificação ou de terror?


Graves violações de direitos de moradores de comunidades pela assim chamada política de pacificação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) do governo Sérgio Cabral / Pezão / José Mariano Beltrame (RJ) ocorrem cada vez com maior frequência.

Charge: Latuff - para Carta Capital
Depoimentos à imprensa alternativa de moradores de Manguinhos em 17 de março atestam que jovem de 17 anos foi morto por arma de choque elétrico (taser). A versão da polícia é de que "o jovem caiu e bateu com a cabeça".

Além disso, residências e estabelecimentos comerciais foram invadidos e mulheres e crianças de até 3 meses de idade foram atingidas intencionalmente com spray de pimenta por policiais, durante a operação repressiva levada a cabo pela polícia militar para conter manifestações de protesto dos moradores pela morte do jovem, conforme depoimentos à equipe de reportagem.


Vídeo: reportagem de A Nova Democracia


sábado, 23 de março de 2013

Tudo por dinheiro

Cabral invade a aldeia

Marx escreveu que "a história só se repete como tragédia ou como farsa". Taí: Cabral invadiu a Aldeia Maracanã, com suas naus cruzadistas, e expulsa seus nativos. Mas a luta vai prosseguir, e os "conquistadores" contemporâneos, mercadores dos espaços urbanos, encontrarão resistência!

Por Chico Alencar*
Não, não estamos em 1500. O fato truculento se deu há pouco, no Rio. Mais de 200 PMs, apoiados por carros blindados e helicóptero, desalojaram indígenas que ocupavam há anos o antigo Museu do Índio, no Maracanã.
O prédio público se tornara "ruína dirigida", para a prevalência de interesses da especulação imobiliária e dos negócios privados - entre eles, o assumido pelo governo do estado, de ali fazer um... estacionamento! Esse projeto nem a Fifa, argentarista como é, segurou! Graças à tenaz ocupação, o governo teve que recuar e prometeu preservar o imóvel. Mas não aceita a proposta de criar ali um Centro de Referência das Culturas Indígenas, muito menos de vê-lo ocupado por representantes de povos originários.
A Justiça injusta concedeu reintegração de posse para quem nunca zelou pelo local. E a Polícia de Cabral não cumpriu integralmente o acordo mediado com parlamentares do PSOL e um procurador da República: invadiu o prédio antes mesmo dos 10 minutos solicitados para um ritual de finalização da ocupação.
Às centenas de pessoas que apoiavam, extra-muros, a boa causa, a tropa de choque distribuiu bombas, balas de borracha, gás pimenta e prisões, perseguindo os manifestantes pela rua afora.
Com uma ânsia de bater que, entre outras anormalidades, pode refletir não apenas o despreparo, mas também as condições de trabalho impostas pelo governo cujas ordens seus soldados são tão violentamente fiéis em obedecer ("o opressor introjeta seus valores no oprimido" - Paulo Freire).
Marx escreveu que "a história só se repete como tragédia ou como farsa". Taí: Cabral invadiu a Aldeia Maracanã, com suas naus cruzadistas, e expulsa seus nativos. Mas a luta vai prosseguir, e os "conquistadores" contemporâneos, mercadores dos espaços urbanos, encontrarão resistência!
*Chico Alencar é deputado federal pelo PSOL/RJ.


Aldeia Maracanã - É assim que se faz uma Copa?
Cada vez que se comete um ato de violência que coloca em risco a integridade de um grupo social indígena, se esfacela sua cultura, seu modo de vida, suas possibilidades de expressão. É uma porta que se fecha para o conhecimento da humanidade, como dizia Levi-Strauss. É essa a Copa do Mundo que o governo quer fazer?

Por Fernanda Sánchez*

Nesta sexta-feira[22/3], o Batalhão de Choque da Polícia Militar invadiu a Aldeia Maracanã, antigo Museu do Índio, e agiu com extraordinária truculência. Os policiais  jogaram bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo, gás pimenta, bateram nos manifestantes e prenderam ativistas e estudantes. A Aldeia estava ocupada desde o ano de 2006 por grupos representativos de diferentes nações indígenas que, nos últimos tempos, diante do projeto de demolição do prédio (para aumentar a área de dispersão do Estádio do Maracanã, estacionamento e shopping), vinham resistindo.
As lideranças indígenas são apoiadas por diversos movimentos sociais, estudantes, pesquisadores, universidades, comitês populares, organizações nacionais e internacionais de defesa dos Direitos Humanos, redes internacionais e outras organizações da sociedade civil. A luta dos índios e o conflito estabelecido entre o governo e o movimento resultaram num importante recuo do governo, que diante da pressão social desistiu da demolição do prédio e passou a defender a sua “preservação”. A desocupação do prédio foi decretada, com hora marcada. Os índios, no entanto, continuaram a resistir, apoiados por diversas organizações.
Certamente essa posição política ensina muito mais aos cidadãos cariocas e ao mundo sobre preservação, direitos e cidades do que as violentas ações que vêm sendo mostradas nos diversos meios. Para os índios e para as organizações sociais que os apoiam, preservar o prédio vai muito além de preservar sua materialidade. A essência da preservação, neste caso como em muitos outros, está na preservação das relações sociais, usos e apropriações que lhe dão sentido e conteúdo. Seria um exemplo para o Brasil e para o mundo a preservação da Aldeia Maracanã, o reconhecimento de seu uso social e a pactuação democrática acerca da reabilitação arquitetônica do edifício.
Cada vez que se comete um ato de violência que coloca em risco a integridade de um grupo social indígena, se esfacela sua cultura, seu modo de vida, suas possibilidades de expressão. É uma porta que se fecha para o conhecimento da humanidade, como dizia Levi-Strauss. É essa a Copa do Mundo que o governo quer fazer? É esse espetáculo da violência, a lição civilizatória que o Rio de Janeiro tem para mostrar ao mundo? A política-espetáculo tem um efeito simbólico: mostrar que o avanço do projeto de cidade, rumo aos megaeventos esportivos, far-se-á a qualquer custo.
Direitos humanos, democracia e pactuação estão fora da agenda deste projeto de cidade. Os manifestantes, em absoluta condição de desigualdade frente à força policial e seu aparato de violência, lançaram mão de instrumentos bem diferentes daqueles utilizados pelo Batalhão de Choque: ocuparam o prédio para apoiar os índios, resistiram à sua desocupação e manifestaram, no espaço público, nas ruas e avenidas do entorno do complexo do Maracanã, sua reprovação e indignação frente à marcha violenta desta política.
*Fernanda Sánchez é professora da UFF e pesquisadora sobre megaeventos e as cidades.
*-*-*

Republicado do blog Prestes a Ressurgir

terça-feira, 12 de março de 2013

Por um Centro Cultural Indígena no Rio

Na Aldeia Maracanã, Original Museu do Índio

Amigo do Rio,
 
Nesta quarta feira dia 13, será votado o Projeto de Lei municipal que não só tomba o histórico prédio do Museu do Índio, como também garante que ele será um espaço dedicado exclusivamente à memória e preservação da cultura indígena. Precisamos mostrar aos Vereadores que estamos acompanhando o voto deles e cobrar a aprovação desse Projeto de Lei! Por isso, convidamos você a ir com a gente assistir a votação.
 
- Local: Câmara Municipal do Rio de Janeiro, Cinelândia.
- Hora: A partir das 15h. A votação dos Projetos de Lei começa às 16h.
- Obs: A Câmara continua careta (por enquanto) e, mesmo nesse calor do Saara, homens só podem entrar de calça. Todos devem levar documento de identidade com foto.
 
Espalhe o convite compartilhando essa imagem: http://bit.ly/VotaçãoAldeia
 
Com a mobilização de milhares de cariocas pela preservação do Museu do Índio, já conseguimos fazer com que o Governador voltasse atrás da demolição do prédio, fizemos o IPHAN incluir o tombamento do local na pauta da sua próxima reunião e avisamos ao Presidente do Comitê Olímpico Brasileiro que não gostamos da ideia dele de fazer um Museu Olímpico no prédio. Agora vamos aproveitar mais essa chance de preservar a nossa cultura!
 
Nos vemos lá na quarta!
 
Por um Rio de Janeiro cada vez mais lindo,
Rafael, Daniela, Alessandra, Miguel e toda a equipe do Meu Rio.
 
Fontes:
Projeto de Lei 1536/2012